A Solução Não Está na Prateleira da Farmácia
- Rafael Feltran
- 29 de set.
- 2 min de leitura
No que se refere à ansiedade, o Brasil é um verdadeiro recordista mundial. Estima-se que cerca de 18,6 milhões de brasileiros vivenciem algum grau dessa condição, seja ela leve, moderada ou grave. Para se ter uma ideia, isso representa quase 10% da população do país — uma proporção alarmante que coloca o Brasil entre os países com maior prevalência de ansiedade no mundo.
A ansiedade, quando não reconhecida e bem manejada, pode desencadear uma série de consequências emocionais profundas. Muitas vezes, a sensação constante de medo, angústia e insegurança prejudica não apenas a qualidade de vida, mas também afeta a saúde física, o sono, o relacionamento interpessoal e o desempenho profissional.
Infelizmente, quando essas dores emocionais atingem um ponto crítico, podem levar a um desfecho trágico: o suicídio. Mundialmente, mais de 800 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, essa realidade é igualmente preocupante, com uma média de cerca de trinta suicídios por dia. Esse número evidencia a urgência de olhar para a saúde mental com mais atenção, empatia e cuidado.
Diante desse cenário, muitas pessoas ainda acreditam que a origem desses sofrimentos está exclusivamente fora de si, e buscam, então, soluções externas rápidas e fáceis — geralmente na forma de medicamentos. A busca pela "pílula mágica" que elimine o sofrimento imediato parece natural num mundo que valoriza soluções instantâneas.
No entanto, essa perspectiva pode ser limitada e até prejudicial. Embora os medicamentos possam ser importantes aliados no tratamento da ansiedade e de outras condições emocionais, eles não representam a totalidade do caminho para o bem-estar. A verdadeira transformação costuma vir de um olhar cuidadoso para dentro, do entendimento das próprias emoções, dos gatilhos que desencadeiam a ansiedade, e do desenvolvimento de estratégias que promovam o equilíbrio mental e emocional.
Por exemplo: técnicas como a terapia cognitivo-comportamental têm se mostrado eficazes no manejo da ansiedade, ajudando a pessoa a identificar e ressignificar padrões de pensamento que alimentam o medo e a insegurança. Práticas como a meditação, a atividade física regular e o cultivo de uma rotina saudável também contribuem significativamente para a redução dos sintomas ansiosos.
Além disso, fortalecer redes de apoio social — amigos, familiares e grupos de ajuda — pode fazer toda a diferença para quem enfrenta esse desafio. O acolhimento e o diálogo aberto ajudam a diminuir o isolamento, que frequentemente acompanha a ansiedade.
Portanto, embora a sociedade frequentemente busque soluções rápidas e externas, é fundamental lembrar que o caminho para a melhora envolve um processo mais amplo e profundo. Não se trata apenas de eliminar sintomas, mas de entender a própria história, ressignificar experiências e construir uma relação mais harmoniosa consigo mesmo.
No fim das contas, a chave está em equilibrar as intervenções médicas com o autoconhecimento e o cuidado integral — reconhecendo que cada pessoa é única e merece atenção personalizada para encontrar seu próprio caminho de ressignificação e equilíbrio emocional.



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