ECI, ECS, ECF, Sintoma – Entenda a Origem do Que Você Sente
- Rafael Feltran
- 27 de set.
- 3 min de leitura
Entender como seus sintomas funcionam pode transformar completamente a maneira como você enxerga sua saúde emocional e física.
Cada sintoma que você sente — seja uma ansiedade intensa, uma tristeza profunda, ou até mesmo dores físicas — tem um propósito muito importante: proteger você. Eles são uma resposta da sua mente e do seu corpo diante de situações que causaram sofrimento ou ameaça, mesmo que essas situações tenham acontecido há muito tempo.
Por meio de terapias e processos que ajudam a ressignificar a origem desses sintomas — ou seja, o seu Evento Causador Inicial, é possível se libertar das dores que não fazem mais sentido na sua vida atual. Entender o que realmente desencadeia esses sinais é fundamental para recuperar o equilíbrio e o bem-estar.
Evento Causador Inicial (ECI)
O ECI é o ponto de partida, o momento em que tudo começou. Ele representa a primeira vez que sua mente foi impactada por uma emoção intensa, um sentimento ou uma informação que mexeu profundamente com você.
Imagine uma criança de apenas 1 ano que chora muito, mas a mãe demora a chegar para confortá-la. Nessa hora, a criança pode se sentir sozinha e abandonada pela primeira vez. Esse momento, aparentemente simples, fica registrado na mente como um evento traumático.
Evento Causador Subsequente (ECS)
Depois do ECI, vêm os eventos causadores subsequentes, ou ECS. São situações que, ao longo do tempo, reforçam aquele sentimento inicial, ampliando a intensidade da resposta da mente.
Por exemplo, na escola, a criança que já se sentiu abandonada pode ser excluída dos times, ficar de fora dos trabalhos em grupo e, novamente, vivenciar o sentimento de solidão. Cada vez que isso acontece, a mente entende que o perigo ou a dor ainda existem, programando você para reagir de forma mais intensa quando algo parecido acontecer.
Evento Causador Final (ECF)
Por fim, temos o Evento Causador Final, que é o momento que, geralmente, acreditamos ser a verdadeira origem do nosso sofrimento. Porém, na maioria das vezes, ele é apenas a “gota d’água que fez o copo transbordar”.
Vamos supor que, na vida adulta, a pessoa é largada pela namorada que tanto amava. Ela sente novamente o abandono, a rejeição, a solidão — sentimentos que já estavam profundamente enraizados em sua mente desde a infância. Desta vez, o copo está cheio, e a mente entra em ação para protegê-la, gerando os sintomas que aparecem.
O Sintoma: O que você realmente sente!
O sintoma é o que você sente conscientemente — seja no corpo ou nas emoções. Ele é a forma que sua mente encontrou para avisar que algo precisa ser protegido, para que você não passe novamente pelas dores do passado.
Pode parecer paradoxal, mas mesmo os sintomas mais difíceis têm a melhor das intenções: proteger você de reviver essas experiências dolorosas.
O que dizem seus sintomas?
Imagine seus sintomas como personagens que falam diretamente com você:
"Sou a DEPRESSÃO, te deixo isolado em casa porque assim você evita se machucar de novo."
"Sou a ANSIEDADE, mantenho você em alerta constante porque acredito que algo ruim pode acontecer a qualquer momento."
"Sou a NEGATIVIDADE, prefiro que você não se sinta feliz para evitar futuras frustrações, e acho melhor que não confie em ninguém para não ser machucado novamente."
Por mais difícil que tudo pareça, é importante reconhecer que foi graças a esses sintomas que você sobreviveu até aqui. Eles foram os mecanismos de proteção que sua mente encontrou para que você pudesse seguir em frente, mesmo diante das maiores dificuldades.
Ao entender esse processo, você pode começar a trilhar um caminho de ressignificação — não apagando o que aconteceu, mas dando a essas experiências um novo significado, mais leve e saudável.
E assim, aos poucos, é possível viver com mais liberdade e menos sofrimento.



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