Modelo da Mente de Gerald Kein

Gerald Kein é um renomado hipnoterapeuta e educador, conhecido por suas contribuições significativas ao campo da hipnose clínica. Ele desenvolveu um modelo da mente que é amplamente utilizado para compreender como nossos pensamentos, emoções e comportamentos estão interconectados. Esse modelo é especialmente relevante para profissionais de áreas como psicologia, coaching e terapias alternativas, pois oferece uma estrutura clara para entender e trabalhar com os processos mentais.

Segundo Kein, a mente humana pode ser dividida em três camadas principais: a mente consciente, a mente subconsciente e a mente inconsciente. Cada uma dessas camadas desempenha um papel distinto, mas interdependente, na formação de nossas experiências e ações diárias. Compreender como essas camadas funcionam e interagem pode proporcionar insights valiosos sobre como podemos melhorar nossa saúde mental, nossos hábitos e nosso bem-estar geral.

A seguir, exploraremos em detalhes as características e funções de cada uma dessas camadas mentais, conforme o modelo proposto por Gerald Kein.

Mente consciente:

A mente consciente é a parte da nossa mente que PENSA. É a área mais evoluída do nosso cérebro e está relacionada principalmente ao córtex pré-frontal, a região que governa nossos pensamentos, a tomada de decisões e nossa consciência do momento presente. É essa parte que nos permite refletir, analisar situações, planejar o futuro e refletir sobre o passado.

Por exemplo, quando você está lendo este artigo, sua mente consciente está ativa, avaliando o que está escrito e decidindo se quer continuar ou mudar o foco para outra coisa. Ela é como o “piloto” do nosso cérebro, responsável por controlar as ações deliberadas e por nos manter cientes do que está acontecendo ao nosso redor.

Memória de curto prazo

A memória de curto prazo funciona como uma memória funcional, ou seja, é onde guardamos temporariamente as informações que precisamos usar imediatamente. Pode ser o nome de alguém que você acabou de conhecer, o número de telefone que alguém acabou de te passar, ou até o endereço para onde você está indo.

Por exemplo, ao tentar lembrar um número de telefone até que você consiga anotá-lo, sua memória de curto prazo está em ação. No entanto, essa memória é limitada, geralmente retendo apenas cerca de 7 itens por vez, e as informações podem desaparecer rapidamente se não forem transferidas para a memória de longo prazo.

Força de vontade

A força de vontade funciona como a bateria do seu celular: a qualquer momento ela pode acabar. É por isso que, mesmo quando temos grandes objetivos, como mudar hábitos ou adotar uma rotina saudável, muitas vezes acabamos recaindo em velhos comportamentos.

A força de vontade exige esforço consciente e pode ser facilmente drenada pelo estresse, cansaço ou distrações. Por isso, é importante saber administrar essa “energia mental”, criando ambientes e rotinas que facilitem a manutenção de novos hábitos, ao invés de depender apenas do esforço constante.

Raciocínio

Apesar de seu nome, o raciocínio nem sempre é tão racional quanto imaginamos. Muitas vezes, ele age mais como um “criador de justificativas”. Quando fazemos algo por impulso ou baseado em emoções, o raciocínio entra depois para encontrar motivos que deem sentido à nossa ação.

Por exemplo:

Você pode pensar:

“Eu precisava de um descanso, por isso não fui à academia hoje.”

Isso é o raciocínio buscando uma justificativa para uma decisão que talvez tenha sido mais emocional do que lógica.

Analítico

A parte analítica da mente consciente é responsável por avaliar as opções, pesar os prós e contras, e tomar decisões fundamentadas. Ela é quem permite que você esteja lendo este texto agora, porque escolheu buscar entender mais sobre o funcionamento da mente.

Essa função é essencial para o planejamento, a resolução de problemas e para filtrar informações, ajudando-nos a navegar pelo mundo de forma mais estruturada e consciente.

Mente Subconsciente:

A mente subconsciente é a parte que SENTE — ela é o que realmente somos por baixo das camadas de consciência. É a área mais poderosa do nosso cérebro, funcionando como um computador que armazena todas as nossas experiências, crenças e emoções.

Quando nascemos, o "HD" do nosso subconsciente está vazio, mas à medida que crescemos, nossas experiências são armazenadas e transformadas em programações mentais que influenciam nossas reações e decisões, muitas vezes sem que percebamos.

Memória de longo prazo

A memória de longo prazo é um banco de dados ilimitado, onde são armazenadas todas as informações que vivemos, ouvimos, tocamos e sentimos. Ela funciona como uma câmera que registra tudo — nossas memórias, experiências e aprendizados.

Por exemplo, o cheiro da comida que sua avó preparava, a sensação de um abraço querido ou até o som de uma música especial — tudo isso está guardado na sua memória de longo prazo e pode ser acessado a qualquer momento pelo subconsciente.

Autopreservação

O subconsciente tem uma função essencial de autopreservação. Ele age como um sistema de segurança interno, protegendo-nos de situações que considera perigosas, sejam elas reais ou criadas por nossas próprias crenças e medos.

Por exemplo:

Se você tem medo de falar em público, seu subconsciente pode criar uma resistência automática para evitar essa situação, mesmo que racionalmente você saiba que não há risco real.

Ociosidade

A ociosidade é um mecanismo herdado de nossos ancestrais. Como nossos corpos e mentes precisavam conservar energia para sobreviver em tempos difíceis, o cérebro desenvolveu a tendência de resistir a mudanças e economizar esforço.

Hoje, isso pode se traduzir em procrastinação ou resistência à adoção de novos hábitos, porque nossa mente subconsciente prefere manter o status quo — mesmo que isso não seja o melhor para nós.

Emoções

As emoções estão profundamente conectadas às memórias armazenadas no subconsciente. Cada experiência vivida carrega uma carga emocional que foi a forma pela qual o subconsciente interpretou aquela situação.

Por exemplo, se na infância você teve uma experiência negativa com cães, seu subconsciente associará essa situação a uma emoção de medo, influenciando suas reações futuras, mesmo que racionalmente você saiba que nem todos os cães são perigosos.

Hábitos

Os hábitos são padrões de comportamento que desenvolvemos pela repetição constante. Eles podem ser bons, ruins ou neutros, e funcionam quase automaticamente, sem exigir esforço consciente.

Por exemplo, escovar os dentes todas as manhãs é um hábito saudável que você provavelmente executa sem pensar. Já roer unhas pode ser um hábito negativo, muitas vezes difícil de romper porque está profundamente enraizado no subconsciente.

Fator crítico:

O fator crítico é como o guardião do nosso subconsciente. Ele atua como um filtro que protege e blinda nossas programações internas, rejeitando tudo aquilo que não está alinhado com nossas crenças e experiências anteriores.

Isso explica por que, muitas vezes, resistimos a mudanças ou novas informações que desafiam nosso modo de pensar. O fator crítico serve para garantir nossa segurança interna, mas também pode limitar nosso crescimento se não aprendermos a trabalhar com ele de forma consciente.