top of page
Buscar

Pedir Desculpas é Valorizar Mais a Relação do Que o Ego.

  • Foto do escritor: Rafael Feltran
    Rafael Feltran
  • 30 de set.
  • 3 min de leitura

Deixe-me contar algo que talvez você não saiba: o mundo não gira em torno do seu próprio umbigo. Isso pode soar óbvio, mas, muitas vezes, nos esquecemos dessa realidade. Estamos tão focados em nossas próprias necessidades, desejos e frustrações que esquecemos que os outros têm seus próprios universos, com suas próprias perspectivas e experiências.


Quando falamos sobre pedir desculpas, por exemplo, muitas pessoas ainda enxergam isso como um sinal de fraqueza. "Pedir desculpas é difícil", "não quero me mostrar vulnerável" – quantas vezes já ouvimos isso? No entanto, pedir desculpas vai muito além de uma simples formalidade. É, na verdade, um reflexo de autoconhecimento. A verdadeira força está em reconhecer nossos próprios erros, perceber o impacto que eles têm sobre os outros e ser capaz de tomar responsabilidade por isso.


Às vezes, o que acontece é que acabamos acusando os outros por algo que, de fato, também podemos ter contribuído de alguma forma. Pode ser algo sutil, uma palavra não dita ou uma atitude que passou despercebida, mas que teve um efeito profundo. O mais interessante é que, ao refletirmos sobre isso, conseguimos não apenas resolver o conflito, mas também aprender sobre nós mesmos.


O ego, esse mecanismo complexo e muitas vezes mal compreendido, tem um papel crucial nesse processo. Muitas vezes, ele é visto como algo negativo, até egoísta, que nos impede de ver além das nossas próprias necessidades. No entanto, o ego também é um dos principais responsáveis pela nossa sobrevivência e estabilidade emocional. Ele atua como um mecanismo de defesa, buscando sempre proteger o sistema psíquico, seja através de projeções, racionalizações, negações ou até mesmo distorções da realidade.


Por mais que o ego tenha uma conotação negativa em muitos contextos, ele também possui uma função vital para o nosso bem-estar. Ele é quem nos ajuda a perceber o que é “nosso” e o que é “dos outros”, permitindo que tenhamos uma identidade individual. O ego é essencial para a nossa autossuficiência, pois contribui para que, muitas vezes sem perceber, consigamos tomar decisões que nos mantêm em segurança. Ele nos guia na busca por referências e situações que se alinhem com nossas crenças e com nosso instinto de sobrevivência.


No entanto, como qualquer outro mecanismo, o ego também tem seu lado obscuro. Ele nos faz crer que estamos sempre certos, mesmo quando a realidade mostra o contrário. Por funcionar de maneira linear, ou seja, de acordo com a percepção limitada de cada pessoa, o ego nos engana, fazendo com que tenhamos a necessidade de sempre estar certos, mesmo em situações em que claramente erramos. Esse comportamento pode gerar conflitos desnecessários e dificultar o aprendizado genuíno.


Um outro aspecto negativo do ego é o egocentrismo. Em um primeiro momento, ele é importante para a construção de uma autoimagem positiva, para que nos sintamos seguros e confiantes. Contudo, quando essa autoimagem se torna excessiva, o ego pode nos isolar dos outros. Isso ocorre quando a nossa visão de mundo passa a ser muito restrita, limitando nossa capacidade de nos comunicar efetivamente, de cooperar com os outros e, principalmente, de lidar com os conflitos e desafios que surgem ao longo da vida.


Se não conseguimos observar esses excessos do ego, acabamos nos tornando mais intolerantes, menos empáticos e menos dispostos a dialogar e aprender. A verdadeira evolução, portanto, acontece quando conseguimos equilibrar o ego de forma que ele não nos domine, mas nos ajude a crescer, a nos conectar com os outros e a entender nossas próprias limitações.


Com isso em mente, fica mais fácil perceber que, ao pedir desculpas ou refletir sobre um erro, estamos não apenas reparando um erro, mas também crescendo enquanto seres humanos. Pedir desculpas, nesse caso, deixa de ser um simples gesto de humildade e se transforma em um exercício de autoconhecimento. Isso nos permite olhar para o outro de maneira mais empática, reconhecendo que, muitas vezes, nossa contribuição para o erro do outro pode ser maior do que imaginamos.


Refletir sobre nossos próprios atos e atitudes e aprender a perceber o impacto que causamos no outro é um passo fundamental para melhorar as relações interpessoais. No fim, não se trata de estar sempre certo, mas de estar disposto a aprender, a se adaptar e a crescer. O verdadeiro desafio está em ser capaz de ver além do próprio umbigo e perceber que somos todos parte de um grande sistema, onde todos influenciam e são influenciados.

 
 
 

Comentários


WhatsApp

WhatsApp

(19) 97825-1448

Instagram

Instagram

@rafaelfeltran

Endereço

Endereço

R. Quadros Sobrinho, 16 - Sala 05

Centro, Limeira - SP, 13480-223

© 2025 Rafael Feltran - Terapeuta e Hipnólogo. Todos os direitos reservados.

bottom of page