É Possível Vencer Alcoolismo?
- Rafael Feltran
- 2 de out.
- 3 min de leitura
Antes de compreender profundamente o processo de superação de uma dependência, é essencial entender o que está por trás do comportamento adictivo. A dependência, em muitos casos, está condicionada a dois fatores principais: a busca por prazer ou a fuga da dor emocional ou física.
O vício em álcool, por exemplo, segue exatamente essa lógica. Inicialmente, o consumo pode estar associado a momentos prazerosos — encontros sociais, celebrações ou mesmo a sensação de relaxamento após um dia estressante. Aos poucos, a mente aprende que beber proporciona algum tipo de alívio ou recompensa. No entanto, em paralelo, muitas pessoas recorrem ao álcool para anestesiar sentimentos negativos, como tristeza, frustração, ansiedade ou traumas não resolvidos.
Esse comportamento acaba por criar um ciclo vicioso. O cérebro passa a exigir quantidades cada vez maiores de álcool para alcançar o mesmo efeito de alívio ou prazer. E quando há interrupção do consumo, o corpo e a mente reagem com os sintomas da abstinência — irritabilidade, insônia, ansiedade, entre outros — o que torna ainda mais difícil romper com o hábito. Para a pessoa em estado de dependência, esses sintomas são extremamente desconfortáveis, o que muitas vezes leva ao retorno ao consumo.
Você sabia que o vício em álcool e outras drogas não afeta apenas quem consome?
Estudos recentes publicados no Journal of Studies on Alcohol and Drugs mostram que amigos, familiares e até colegas de trabalho também sofrem os impactos indiretos do comportamento adictivo. Isso pode se manifestar em forma de tensões familiares, insegurança emocional, dificuldades financeiras e até problemas de saúde mental em quem convive com o dependente.
Em fevereiro, mais precisamente no dia 18, celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, e no dia 20, o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. Por ser também o mês do Carnaval — época marcada por excessos e consumo de álcool —, torna-se um período estratégico para ações de conscientização e prevenção. Ainda assim, infelizmente, o tema é pouco abordado com a seriedade que merece.
Dentro das abordagens terapêuticas disponíveis, a hipnose clínica tem se destacado como uma ferramenta eficaz no auxílio ao tratamento da dependência química, incluindo o alcoolismo. Essa técnica, considerada um recurso complementar e regulamentada no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina desde 1999, é também reconhecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como uma prática integrativa e complementar. Quando aplicada por um profissional qualificado, pode trazer avanços significativos no processo de reestruturação emocional do indivíduo.
O diferencial da hipnose clínica está no acesso direto ao subconsciente, onde estão armazenadas memórias, padrões de comportamento e emoções profundas que, muitas vezes, são as raízes do vício.
Por exemplo:
Uma pessoa pode ter aprendido, ainda na infância, que o álcool era uma forma de lidar com problemas — talvez por observar esse comportamento em casa. Ao acessar essa lembrança sob hipnose e ressignificá-la, o indivíduo consegue desenvolver uma nova percepção sobre o seu comportamento atual.
Esse processo não é mágica, mas sim reeducação emocional. O vício, por mais forte que pareça, é um hábito profundamente enraizado — e como todo hábito, pode ser transformado. A força de vontade é importante, mas sozinha, muitas vezes não é suficiente. Por isso, estratégias que atuam na mente subconsciente, como a hipnose clínica, podem ser tão valiosas.
É possível, sim, construir um novo caminho. Um caminho mais leve, consciente e livre de dependências que limitam o viver.



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